As Secretarias de Educação e Saúde estão acompanhando, diariamente, a suspensão parcial ou total do atendimento de creches da cidade, tendo em vista o registro de casos da doença Mão-pé-boca. Trata-se de uma enfermidade contagiosa causada pelo vírus Coxsackie da família dos enterovírus, que habitam normalmente o sistema digestivo e também podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca). Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade, faixa etária atendida pelas creches.
O trabalho está sendo conduzido pelas equipes da Seção de Ensino Infantil e Creches e as Vigilâncias Epidemiológica e Sanitária do município, que avaliam a situação de cada unidade, onde mediante o registro de três casos da doença é adotada a suspensão parcial de salas de aula ou interrupção total, diante da confirmação de casos em todas as salas de aula.
Após a visita das equipes das Vigilâncias é emitido um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), contendo as datas de fechamento e retorno do funcionamento da unidade escolar, pelo período de 7 dias, orientações aos pais e responsáveis, que deverão procurar o atendimento médico imediato e para a creche, que deve providenciar toda a higienização e desinfecção do imóvel, móveis, brinquedos, roupas de cama e banho, alimentos e objetos que possam entrar em contato com secreções e fezes das crianças infectadas, visando o bloqueio da transmissão da doença.
Segundo a Secretaria de Educação, atualmente, apenas a Creche Escola 'Raimundo Cordeiro', localizada no Residencial Paraíso, que atende a 190 crianças, está com as atividades totais suspensas desde a última segunda-feira, com previsão de retorno do funcionamento a partir de segunda-feira, 3 de outubro. O NEI (Núcleo de Educação Infantil) 'Tomas e Aparecida Novelino', que fica no Distrito Industrial, com 220 crianças, já retomou o atendimento nesta quinta-feira.
Outras 7 creches tiveram o atendimento suspenso de forma parcial, de apenas uma ou duas salas, sendo a Creche Escola 'Estrela de Davi', no bairro Franca Polo Club (duas salas), que retorna no dia 4; Creche 'Ângelo Verzola', no Jardim Dermínio (uma sala), retoma no dia 5; Creche 'Tia Glicéria', que fica no Residencial Júlio D'Elia (duas salas), que volta no dia 4; Creche Escola 'Luciene Ribeiro', no Residencial Eldorado (uma sala), que retorna no dia 5; 'Lar de Ismália', no Jardim Paulistano (duas salas), retorna no dia 4; Creche São José, no Jardim Rivieira (uma sala) terá volta no dia 4 e Creche 'Nossa Senhora da Conceição', no Jardim Parati (duas salas), cujas atividades serão retomadas no dia 8.
Outra creche que terá o funcionamento total interrompido a partir da próxima segunda-feira, 3, sendo a Creche Escola 'Antonieta Covas do Couto Rosa', localizada no Jardim Aeroporto 3, que atende a 219 crianças. A previsão para o retorno do funcionamento da unidade é para o dia 10 de outubro.
A principal orientação para os pais e responsáveis é que, diante do surgimento de sintomas, a criança receba atendimento médico e fique de repouso, em casa, evitando a transmissão da doença para outras pessoas.
Homero Rosa Jr, médico da Vigilância Epidemiológica, explicou que a doença tem um caráter de temporadas, mas não obedece a estação do ano, como outras doenças. Segundo ele, dificilmente a criança vai apresentar gravidade ou óbito, mas pode ter uma grande dificuldade para se alimentar ou não conseguir comer quase nada, o que pode causar desidratação, perda de peso e enfraquecimento do sistema imunológico. "A doença tem uma disseminação maior entre as crianças de 3 a 4 anos, justamente, porque são as que ficam em creches, berçários e maternais, tendo em vista que o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento e formação, o que faz com que elas adquiram doenças infecciosas mais fáceis", ressaltou o médico.
A doença
Os principais sintomas da doença são febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões; aparecimento na boca, amídalas e faringe, de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro, que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas; erupção de pequenas bolhas, em geral, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital; mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia; por causa da dor, surgem dificuldades para engolir e muita salivação.
A transmissão acontece pela via fecal/oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou então através de alimentos e de objetos contaminados. Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante, aproximadamente, quatro semanas. O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os do resfriado comum.
Não existe vacina contra a doença mão-pé-boca. Em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride, espontaneamente, depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, tratam-se apenas os sintomas. Medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, tome bastante líquido e alimente-se bem.
O retorno às atividades só deve acontecer, após a criança estar 24 horas sem febre, e com todas as feridas cicatrizadas.