A Prefeitura de Franca realiza nesta sexta-feira 18, um show musical ao som de piano e apresentação de dança, no Teatro Municipal ‘José Cyrino Goulart’. Com realização da Divisão de Cultura da FEAC, o evento terá como destaque a utilização de um piano de cauda comprado pela prefeitura de Franca em 1959 e que foi recentemente reformado.
Como ingresso e a título de solidariedade, está sendo solicitada a doação de 01 kg de alimento não perecível, que será destinado para o Fussol (Fundo Social de Solidariedade) e repassado às entidades assistenciais da cidade.
O pianista convidado é Pedro Paulo de Avelino que estará no comando do piano de cauda alemão adquirido numa mobilização histórica na cidade – ver matéria abaixo. Pedro Paulo interpreta obras de vários compositores do atual cenário musical nacional e internacional, que utilizam ou utilizaram o piano como instrumento em seus trabalhos musicais.
Com o nome de “Piano e Dança” o evento cultural é uma iniciativa do PAESA (Programa de Auxílio à Educação Social e Ambiental), que oferecerá ao público uma série de recitais de piano com apresentação de danças de diversos estilos, que vão desde o ballet clássico, contemporâneo e dança de salão, misturando estilos étnicos e regionais, contando também com projeções de imagens e efeitos de luzes. Segundo a organização, haverá distribuição de brindes.
O programa PAESA tem o objetivo de divulgar e difundir a arte de tocar piano, assim como homenagear os 300 anos da criação do instrumento musical, através de eventos musicais (Recitais de Piano). E no palco uma das atrações será o pianista
O Pianista
Natural de Araraquara/SP, Pedro Paulo de Avelino será o responsável pelo show de piano no Municipal, com proposta educativa irá mesclar peças eruditas, populares e folclóricas. Compartilha com o público informações gerais sobre as obras e os diversos compositores interpretados, assim como a cultura de seus países, com o intuito de se falar, pensar e ouvir a palavra “AMOR”.
História do piano que será utilizado
O piano de cauda, na realidade com ¼ de cauda, pertence ao patrimônio da Prefeitura de Franca e foi adquirido em 1959, da pianista Yara Bernette, de São Paulo.
A história começa quando a secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, selecionou algumas cidades paulistas, tendo Franca entre elas, para a realização de recitais e concertos, com pianistas, violinistas, cantores, corais, orquestra de câmara etc. Entre os pianistas estavam Jacques Klein, João Carlos Martins, Yara Bernette, Arnaldo Rebelo, Roberto Tinetti, Arnaldo Estrela, o violinista Nathan Schurtzman, o coral de Belo Horizonte sob a regência de Isaac Karabshewski, as cantoras Maria Lúcia de Godoy e Maria de Lourdes Lopes Cruz, o violinista João Carlos Barbosa Lima e muitos outros.
O pianista João Carlos Martins, selecionado para vir a Franca, não queria tocar no piano de armário existente no município e exigia um piano de cauda. Em razão disso, alguns apreciadores da música erudita, buscaram uma forma de adquirir um piano de cauda, e as professoras Marina de Andrade Marconi e Elizabeth Rangel Pinheiro tiveram a iniciativa de organizar o “Baile das Artes” e um concurso para escolha da “Rainha das Artes”, para arrecadação de fundos, visando a compra do instrumento, que não era barato.
Duas escolas participaram do concurso: a escola Torquato Caleiro (IETC) e o Conservatório Musical Jesus Maria José. As jovens Lívia Beatriz Marconi, pelo IETC, e Cleuza Figueiredo, pelo Conservatório, foram as candidatas à Rainha. O baile foi realizado em outubro de 1959 na AEC (Associação dos Empregados do Comércio) e abrilhantado pela Orquestra Laércio de Franca, sendo eleita a candidata do Conservatório, Cleuza Figueiredo, que recebeu a faixa das mãos do saudoso Professor Dr. Alfredo Palermo. Também estiverem presentes no baile histórico Chafic Felipe e Alberto Cabral Botelho, representando a Escola Torquato Caleiro, e as professoras Marina de Andrade Marconi e Elizabeth Rangel Pinheiro, pelo Conservatório Musical Jesus Maria José.
Quando a pianista Yara Bernette veio tocar em Franca, ficou sabendo do problema. Em viagem de volta para a Alemanha, a pianista pretendia dispor de um de seus pianos de cauda. Dessa forma, as professoras Marina e Elizabeth foram a São Paulo para ver o piano e ficaram encantadas, pois ele era um Steinway, ¼ de cauda, a mais famosa marca de piano da época. Após isso, foi nomeada uma comissão provisória para cuidar da compra do piano, constituída pelas professoras Marina, Elizabeth e Lydia Valério.
Mais tarde, fez parte dessa comissão a sra. Stela Palermo. Depois foi composta uma diretoria provisória para se responsabilizar pela compra do piano, formada pelo então prefeito Abílio Nogueira, Américo Palermo, Nélio Zanardi Pêra, João Antônio Fonseca e Dr. Antônio Peixe. Na ocasião, o prefeito se comprometeu a doar CR$ 100,00 (cem cruzeiros). Na oportunidade foi aberto um Livro Ouro para arrecadação de verbas e também formadas várias listas. Contribuíram para a aquisição do piano de cauda diversas entidades francanas, associações, sociedades, escolas, jornais, orquestras, clubes, pessoas físicas etc. Por fim, o piano foi adquirido pela quantia de CR$ 470,00 (Quatrocentos e setenta cruzeiros), no dia 13 de setembro de 1959 e a documentação da aquisição, contribuições, recibos etc., encontram-se no acervo do Museu Histórico Municipal José Chiachiri.
No início, o piano ficou sob a guarda da Associação dos Empregados no Comércio, onde eram realizados os recitais e também a Semana da Música. Depois, foi levado para o Conservatório Musical Jesus Maria José, ficando lá até 1969. Em 1970, foi para a sala Anália Franco, no Educandário Pestalozzi, ficando sob a responsabilidade do saudoso diretor Dr. Tomaz Novelino e uma comissão. Terminada a construção do atual Teatro Municipal, o piano foi levado para lá, por determinação do então prefeito Maurício Sandoval Ribeiro.
Nos últimos anos, por falta da manutenção periódica necessária, estava sem condições de uso. Mas por solicitação do prefeito Gilson de Souza, foi enviado para restauração para um profissional habilitado, que além de afiná-lo, fez a substituição das peças que estavam avariadas. Totalmente reformado e pronto para utilização, foi devolvido no Teatro Municipal na quarta-feira e será um dos ‘astros’ dessa sexta-feira, tendo a dedilhá-lo o pianista Pedro Paulo de Avelino.
